Jadson André é o primeiro rookie a vencer uma etapa do WT desde de 2006 quando Bobby Martinez venceu em Teahupoo - Foto: ASP/Kirstin
Tenho certeza que todo mundo que acompanha o surf competitivo, ao pensarem no Billabong Pro Santa Catarina, pensaram logo em seguida em Adriano de Souza. Mineirinho era o cara que iria quebrar em Imbituba, mas foi um franzino surfista do norte do Brasil que literalmente roubou a cena do campeonato.
Jadson André, sem sombra de dúvidas, é o melhor rookie do World Tour deste ano. Na primeira fase da etapa brasileira do tour, na bateria entre os 3 dos 4 brasileiros que compõem o ranking do ASP, Jadson acabou ficando em segundo. Neco Paradratz levou a melhor.
Na repescagem foi onde o show começou. O experiente Drew Courtney foi o primeiro a cair diante do estreante. No terceiro round, já com uma linha confiante e cheia de manobras da nova geração, Jadson fez a mala de Damien Hobgood não dando chances para o americano. Depois de Damo foi a vez de Luke Munro.
Último dia do Billabong Pro Santa Catarina
Hoje, no dia final da perna brasileira do WT, o primeiro adversário do potiguar era Michel Bourez nas quartas de final. O taitiano, assim como o brasileiro, vinha surfando muito bem e soltando manobras bem agressivas. Foi duro, Bourez passou a bateria toda na frente e faltando pouco menos de 3 minutos para o fim, o nosso rookie precisava de uma nota na casa dos 8 pontos para virar. Tudo parecia perdido.
O air reverse que fez muitos tops de peso voltarem para casa mais cedo - Foto: ASP/Kirstin
Mais ou menos trinta segundos para tocar a sirene, Jadson André desce uma onda que não parecia que ia vingar. Ele começa com um bom air reverse, depois espanca ela até o fim e termina com um pequeno aéreo. “Boa Jadson!”. A nota demorou para sair, mas quando saiu, a galera na Praia da Vila veio a baixo. 8.50 pontos, o brasileiro foi para a semifinal.
Briga da nova geração
Ninguém acreditou. O pessoal que sempre acompanha as transmissões pela internet e ficam comentado tudo pelo twitter diziam que essa foi a melhor bateria do ano até agora. Pouco tempo depois, para ser mais exato 30 minutos depois da derrota de Bourez, Dane Reynolds venceu sua bateria e se tornou o adversário de Jadson na semi. Nesse momento, tudo que era alegria virou tensão.
Dane Reynolds arrancou um 9.77 dos juízes com esse BS Lien grab em sua bateria contra C.J - Foto: ASP/Kirstin
Dane é o queridinho de todo mundo que acompanha o surf atualmente, inclusive do juízes e vinha de uma boa vitória contra C.J Hobgood. Jadson teria que surfar muito para vencer.
E foi isso que ele fez. O brasileiro começou frenético. Primeira onda, 7.17. Segunda, 8.70. Quarta onda, 7.57. Pronto, Dane na combination. Faltando 15 minutos para acabar a bateria, o americano só tinha um 3.67. Como disse o pessoal do twitter, o brasileiro estava “jadsando” Dane Reynolds
Nessa hora Jadson deu uma sossegada e o americano mostrou o quanto é perigoso. Em duas boas ondas, ele arrancou um 8.77 e 7.90 dos juízes e passou na frente. De novo, faltanto pouco para acabar, Jadson André precisava de um notão para virar, e de novo ele conseguiu. No último minuto, o brasileiro surfou uma onda com muita agressividade e tirou um 9.
Impressionante. Jadson André fez o que ninguém esperava de novo e venceu o surfista preferido de todos em uma batalha de aéreos incrível. Esse é só o começo. Nessa bateria tivemos um aperitivo do que está por vir nos próximos anos de circuito mundial.
Final
Na outra semi, o eneacampeão Kelly Slater venceu sem muitas dificuldades o seu carrasco de ano passado Owen Wright. Novamente tensão no ar. Kelly é o pior dos surfistas para enfrentar em uma final de campeonato, ainda ele tendo ganhado a mesma etapa no ano passado em cima de outro brasileiro. Jadson deve saber muito bem disso porque ele não estava de brincadeira dentro do mar.
O brasileiro começou a bateria tão bem quanto na que enfrentou Dane. Logo de cara ele somava um 8.00 e um 6.64, enquanto a nota mais expressiva do careca era um 6.50. A confronto foi todo assim, Jadson na frente e o pessoal que estava torcendo por ele nervoso,pois contra Kelly Slater pode se esperar o inesperado. Mas nem mesmo o melhor de todos os tempos conseguiu para o brasileiro. Jadson André venceu a etapa brasileira do WT.
Mesmo tendo terminado o Billabong Pro Santa Catarina em segundo lugar, Kelly Slater assumiu a liderança do ranking do World Tour - Foto: Renato Henrique/Hiscores
Com a vitória, o potiguar quebrou um jejum de 12 anos sem um brasileiro terminar em primeiro no pódio na parada brasileira do tour.
Realmente, Jadson fez por merecer. Mesmo contra os grandes, ele mostrou o seu surf rápido, agressivo e cheio de aéreos sem esitar, como se já fosse macaco velho do tour. Dane Reynolds, em sua entrevista após a derrota para o campeão, comentou que nunca viu Jadson errar um Air Reverse.
Agora, o brasileiro não pode se acomodar. Chegar no topo é fácil, difícil é se manter. Jadson ainda tem muito o que amadurecer e melhorar em seu surf.
Ranking do World Tour depois de 3 etapas:
1 Kelly Slater (EUA) – 21.750 pontos
2 Jordy Smith (Afr) – 18.500
3 Taj Burrow (Aus) – 18.250
4 Mick Fanning (Aus) – 15.500
4 Jadson André (Bra) – 15.500
6 Bobby Martinez (EUA) – 14.750
6 Dane Reynolds (EUA) – 14.750
8 Joel Parkinson (Aus) – 14.250
8 Adriano de Souza (Bra) – 14.250
10 Bede Durbidge (Aus) – 12.250
11 Owen Wright (Aus) – 10.000
12 Michel Bourez (Tah) – 9.500
13 Fredrick Patacchia (Haw) – 9.250
13 Chris Davidson (Aus) – 9.250
13 Adrian Buchan (Aus) – 9.250
16 Taylor Knox (EUA) – 8.750